AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA DAS MÃOS E DEDOS DE TRABALHADORES DA SALA DE CORTE DE FRIGORÍFICOS AVÍCOLAS
eficiência das luvas de trabalho para prevenção de saúde ocupacional
DOI:
https://doi.org/10.70940/rejud4.2025.705Palavras-chave:
Frio por contato; Frigoríficos; Proteção térmica.Resumo
No Brasil, a indústria de frigoríficos avícolas é associada a elevados índices de adoecimento ocupacional. Grande parte desses adoecimentos está relacionada à exposição ocupacional ao frio por contato com superfícies resfriadas, a qual é capaz de causar doenças ocupacionais, incluindo a Síndrome de Raynaud, as doenças vasculares periféricas especificadas, a urticária devida ao frio e a geladura superficial. O artigo analisa os efeitos dessa exposição em trabalhadores de salas de corte, com foco na eficiência das luvas de proteção térmica. A pesquisa foi conduzida por meio de termografia infravermelha, avaliando a temperatura dos dedos de trabalhadores que utilizavam diferentes combinações de luvas durante o manuseio de produtos resfriados. Os resultados demonstraram que, mesmo com o uso de luvas com proteção térmica nível 1, conforme a norma EN 511:2006, as temperaturas dos dedos permaneceram abaixo do limite mínimo recomendado pela American Conference of Governmental and Industrial Hygienists (ACGIH) (16 °C), indicando risco à saúde ocupacional. O trabalho revela que luvas de proteção térmica com capacidade de isolamento superior ao nível 1 são imprescindíveis para a proteção efetiva dos trabalhadores, sendo necessária a revisão dos critérios de seleção dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e o reconhecimento do frio por contato como risco ocupacional relevante por parte dos profissionais da área de segurança do trabalho.
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Referências
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